Música do Século XX

de 1900 em diante

    

 

A arte não é uma verdade em si, uma manifestação do belo apenas, mas algo que nos leva à reflexão e nos permite conhecer o mundo. Manifestação criadora, sim, e para alguns até de origem divina, mas manifestação dinâmica diante das condições cambiantes da história humana.

No início do século XX, duas grandes questões movimentaram a passagem do conceito de arte do século anterior para aquele. Essas questões permeiam ainda nossas ideias, discussões e atitudes para com as artes e, particularmente, para o que nos interessa neste texto, para com a música ou músicas do nosso tempo.

Duas grandes revoluções marcaram a passagem do século XIX para o XX. A primeira sucedeu no cerne da própria arte musical, na sua linguagem, por meio da quebra dos modelos tradicionais do fazer e do ouvir. Sem complacência para com o passado e buscando novas saídas para uma arte que deveria sempre estar em evolução, artistas modernistas ou modernos distanciaram-se da arte dos tempos anteriores, principalmente do passado mais próximo – o romantismo –, e passaram a enfatizar a necessidade de uma nova arte. Essa nova arte atendia aos desejos de um novo mundo – o das máquinas, das fábricas, da mecanização, das grandes cidades que surgiam com seus problemas. Além disso, destinava-se a um novo ser – diferente, mais consciente, torturado ou acomodado e que não deveria ser deixado pacificamente sentado fruindo arte. “A música” assumiu diferentes funções e aglutinou ideologias incompatíveis.

Origem e razão da composição musical desde o século XVII, o sistema tonal baseava-se em uma organização hierárquica dos sons, agrupados em forma de tríades e de acordes que eram empregados em encadeamentos harmônicos. A quebra desse sistema hierárquico e a liberação dos doze tons da escala, que passaram a ser tratados todos como iguais, foram formalmente realizadas em 1924.

As duas grandes figuras musicais do período foram Arnold Schoenberg e Igor Stravinsky que criaram uma nova linguagem musical para o século XX. A palavra chave era tonalidade, porque em 1908 Schoenberg começara a compor música ATONAL, isto é, música não centrada numa determinada tonalidade.

 

                                          Arnold Schoenberg                                          Igor Stravinsky

Ao contrário do que poderíamos imaginar, Schoenberg não se considerava um inovador, mas o continuador de uma tradição. A música que ele mesmo escrevia era baseada num estudo aprofundado que fizera da obra dos mestres do passado, como Bach, Mozart, Beethoven, Wagner, Brahms e Mahler, seus favoritos. Schoenberg foi um grande professor de música, tendo escrito obras didáticas de grande valor pedagógico, incluindo um dos mais importantes livros de harmonia tradicional de todos os tempos.

A influência do atonalismo sobre a vanguarda da música erudita foi enorme, durante mais de cinqüenta anos. Muitos compositores utilizaram os procedimentos dodecafônicos para compor. Alguns levaram o serialismo ainda mais longe, não fazendo apenas séries de notas ou alturas, mas também de valores rítmicos, de dinâmica, de timbres...

Embora a influência das sonoridades atonais sobre a música popular não tenha sido tão avassaladora quanto a que foi exercida sobre a música erudita, ela não pode ser desprezada: no jazz, podemos citar as improvisações coletivas de Ornette Coleman nos anos sessenta (no chamado free jazz), o piano inesquecível de Cecil Taylor e as fases finais de John Coltrane, entre outros exemplos; no pop, não podemos esquecer Frank Zappa, que - aliás - dominava com perfeição as técnicas seriais de composição; e, na música popular brasileira, temos de mencionar o criativo rock dodecafônico do Arrigo Barnabé dos discos Clara Crocodilo e Tubarões Voadores.

Talvez, a maior revolução estava por vir, ensejada pela revolução industrial que trouxe a possibilidade de se produzir música em massa e para a massa, a partir da invenção do gramofone, da gravação, do rádio... Nunca a música pudera alcançar como então distâncias tão longas, nem a voz humana se tornara tão potente. Da gravação do disco, do cd, do mp3, é só lermos os anúncios das lojas especializadas que ficaremos informados sobre quantos equipa mentos estão colocados à disposição para novas formas de manifestação musical.

 

  

                                  Minimoog Voyager, um sintetizador analógico               CD-R

                                                             

Certamente, esse foi um grande confronto. O passado ainda presente, o vanguardismo, os experimentalismos e a música da indústria cultural compuseram uma nova configuração para o século XX. Um novo modo de produção artística surgiu, totalmente diverso do anterior, embora lidasse com os mesmos sons e dentro dos parâmetros da tonalidade, tida como a forma mais “natural” para a audição humana. Seu alcance pressentia-se ser tão grande que assustava a todos, mesmo aqueles que haviam rompido de forma tão dramática com a tradição ocidental. E a questão do que era arte rondava os pensamentos.

Essa segunda revolução – trazida pela(s) música(s) da cultura industrial – marcou a divisão entre arte musical elevada – a da alta cultura, de alguma elite, a chamada música erudita ou clássica –, e a arte popular – do povo, da baixa cultura. Definiam-se por oposição; a cultura ficou como a marca da arte mais elevada, enquanto a comercialização e o consumo são características da arte mais baixa.

Em alguns momentos, tentativas de integração entre as duas forças foram feitas. O mais erudito dos populares poderia receber a concessão de atuar com um exemplar do elitismo da alta cultura.

À medida que a indústria cultural e a sua produção musical expandiam seus recursos e recolhiam quantias fabulosas em produções gigantescas (dados recentes apontam que Lady Gaga vendeu 23 milhões de álbuns com dois álbuns gravados), alguns eufemismos começaram a tentar diluir esse abismo entre a alta e baixa cultura musical. Assim, em vez de música erudita fala-se, hoje, em música de concerto.

Hobsbawm antecipou que o século XX seria “[...] o do homem comum, e dominado pelas artes produzidas por e para ele” (HOBSBAWM, 2009, p.191), em uma sociedade de produção e consumo em larga escala, isto é, na sociedade de massa. Essa passagem gerou profundas mudanças no modo de expressão, na linguagem musical, no modo de produção e no modo de execução e audição.

Dentre as tendências e técnicas de composição mais importantes da música do século XX encontram-se:

 

Impressionismo

Nacionalismo do Séc. XX

Expressionismo

Música Concreta

Serialismo

Música Eletrônica

Influências do Jazz

Neoclassicismo

Música Aleatória

Atonalidade

 

 

 

No entanto, se investigarmos melhor estas composições, encontraremos uma série de características ou marcas de estilo que permitem definir uma peça como sendo do século XX. Por exemplo:

Melodias: São curtas e fragmentadas, angulosas, em lugar das longas sonoridades românticas. Em algumas peças, a melodia pode ser inexistente.

Ritmos: Vigorosos e dinâmicos, com amplo emprego dos sincopados; métricas inusitadas, como compassos de cinco e sete tempos; mudança de métrica de um compasso para outro, uso de vários ritmos diferentes ao mesmo tempo.

Timbres: A maior preocupação com os timbres leva a inclusão de sons estranhos, intrigantes e exóticos; fortes contrastes, às vezes até explosivos; uso mais enfático da seção de percussão; sons desconhecidos tirados de instrumentos conhecidos; sons inteiramente novos, provenientes de aparelhagens eletrônicas e fitas magnéticas.

 

Compositores do século XX

 

Igor Stravinsky - 1882/1971      /    Igor Stravinsky - 1882/1971

Cláudio Santoro - 1919/1989    /    Sergei Prokofiev- 1891/1953                       

Marlo Nobre de Almeida - 1939/    Francisco Mignone - 1897/1986       

Edino Krieger      /    Cézar Guerra Peixe - 1914/1993                                

Radamés Gnatalli - 1906/1988    /  Alberto Evaristo Ginatera - 1919/1983

Oscar Lorenzo Fernandez - 1897/1948   /    C. Debussy 1862 - 1918              

Schoenberg 1874 - 1951 1951     /     M. Ravel 1875 -1937 -  

B. Bartók 1881 – 1945  /  A. Berg 1885 - 1945 - /      

H. Villa- Lobos 1887 - 1959

H. Villa- Lobos 1887 - 1959

             

Vale a pena aprofundar estes conhecimentos.

Fonte:

STANLEY, John. MÚSICA CLÁSSICA - Os Grandes Compositores e as Suas Obras- Primas.

https://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40520/1/01d18t05.pdf

https://www.cmozart.com.br/Artigo9.php

https://www.oliver.psc.br/musica/historia.htm

 

Dulce Ana C. Nithack – Escritora, Palestrante, Psicoterapeuta Holística e Pedagoga (CRT 8.729)

E-mail: dulcenit@gmail.com         Blogs: https://cms.vida-holistica.webnode.com

                                                  https://cms.musicas-e-livros10.webnode.com